Um Macaco Fonia

Oscar, o da Academia

Embora nunca tenha pisado num palco, ainda aguardo ansiosamente o dia em que buscarei a famosa estatueta. O discurso já está pronto, na ponta da língua:

“Antes de mais nada, quero confirmar que fiz de um tudo para ganhar este prêmio. Mas que agora, aqui, segurando ele, percebo que não valeu tanto a pena assim”.
“À minha maior fonte inspiradora, Tiffany. Ti, ainda tenho seu pôster na porta do banheiro (nua, totalmente depilada)”.
“À minha querida esposa, Amanda, sempre reclamando a minha presença, e ao meu vizinho Ted, sempre disposto a consolá-la nas minhas ausências”.
“Ao meu alfaiate, Alfred: achei a agulha perdida na confecção desse belo terno. Segunda devolvo, desinfetada”.
“Ao cachorro Sanson, do apartamento ao lado. Sem você teria dormido todas as noites sossegado, até as quatro da tarde”.
“Ao meu tio Edward, por ter dado ao mundo seu filho Simon, PhD, que sempre me lembrou de quanto eu era ignorante”.
“À minha professora de inglês, Cecily, que não me explicou que o “exit” que tanto me mostravam no final dos meus ensaios não significava êxito profissional”.
“À minha mãe, que a vida toda, claro, sempre me deu muito apoio. Não só apoio, mas abdominal, polichinelo e aquela agachadinha à la cachorro no poste que me resultaram nestes glúteos maravilhosos. E ao meu pai, lógico, sem ele eu não seria nada, seja lá quem ele seja”.
“E em particular aos meus concorrentes neste prêmio: dediquem-se a outra coisa, pois se perderam para mim é sinal de que não têm o menor talento. Sorry”.
“Por último, aos meus filhos Jonathan, Cindy e Ned: isto aqui é só do papai, não toquem nele. Mas este pacotinho de Confeti aqui no meu bolso é todo pra vocês!”
I love you all!”
Choro.
Aplausos.


 
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